Operação: pós e contras

Informação é a melhor arma que temos à nossa disposição para poder tomar decisões! Quando me foi dito que tinha de ser operada, tinha eu apenas 12 anos, não havia muita informação disponível. E a internet ainda era um bébé!

Os tempos mudaram e agora está tudo na Net! Para quem não se importa de ler em inglês e prefere estudos científicos elaborados por médicos, aconselho este artigo que encontrei hoje.

Talvez vá trazer mais dúvidas que respostas.... mas é bom ponderar tudo antes de tomar uma decisão irreversível!

(Além disso o artigo tem links para outros artigos sobre escoliose)

Resumo do artigo:

A escoliose idiopática na adolescência é uma condição rara com um impacto potencialmente prejudicial em pacientes jovens. Apesar da vasta pesquisa clínica e directrizes de tratamento publicados, a melhor opção terapêutica para esses pacientes continua a ser altamente controversa. Os defensores da cirurgia precoce enfatizam os benefícios da correção cirúrgica da deformidade em relação ao resultado físico e psicológico, os oponentes baseiam seus argumentos no elevado risco de complicações e falta de documentação e resultados a longo prazo. Neste artigo, os autores foram convidados ao debate das opiniões "pró" tratamento versus "contra" tratamento cirúrgico da escoliose idiopática, com base nas evidências disponíveis actualmente e orientações publicadas.

Escoliose e férias

Na próxima sexta vou de férias. Desta vez o destino é a Noruega!

Quando fiquei pior, uma das coisas que mais me assustou foi a falta de mobilidade e independência. De um dia para o outro deixei de conseguir andar... com paciência e tempo melhorei, mas isso não quer dizer que esteja tudo a 100%. Todos os dias tenho dores, e todas as 2 ou 3 horas tenho de me deitar uns 15/20 minutos. Como passear sempre foi o meu "desporto" favorito, embora com receio não quis deixar de fazer uma coisa que me dá tanto prazer. Já não ando com uma mochila grande às costas, deixei de acampar (ou pelo menos de dormir directamente no chão), não posso fazer viagens grandes (com algumas excepções)! Mas deixar de viajar é que não deixo! :))

Desde há algum tempo que tenho um colchão insuflável que levo comigo para todo o lado! Se a viagem é de carro, aproveito o banco de trás para os meus descansos! E se for de avião... é um pouco mais complicado...

Ou seja, resumindo.... nem nas férias posso esquecer-me da escoliose... mas não deixo que a escoliose me estrague as férias!!!!

Escoliose na família

A maior parte das vezes as pessoas nem notam que tenho escoliose! Já me fizeram comentários curiosos mas poucos são aqueles que conseguem detectar uma escoliose.... talvez nem saibam bem o que é! Além disso no meu caso, devido à operação, e como tenho 11 vértebras fixas deveria ser mais evidente... mas aparentemente não é! Uma vez uma amiga perguntou-me se tinha andado numa escola de freiras...! achei a pergunta engraçada.... ao que ela me explicou, que sempre que via alguém com uma postura tão correcta e direita achava que tinha a ver com uma educação muito disciplinada. LOL... não eu nunca andei numa escola dessas!

Claro que notar nos outros é mais fácil, mas nem sempre se repara! Depende da escoliose e do que a pessoa tem vestido... Como este é uma situação que me afecta quotidianamente desenvolvi um olho curioso, e às vezes sem dar por ela já estou a olhar para as costas de quem passa!

Claro que esta curiosidade se torna mais séria no que diz respeito à minha família, especialmente à minha irmã e sobrinhos. Embora não se saiba em que extensão a genética influência o aparecimento da escoliose, é do conhecimento científico que existe uma relação entre escoliose e membros da mesma família.

E a minha experiência diz-me que mais vale prevenir que remediar! quanto mais cedo se detectar a escoliose maior é a chance de uma boa recuperação e de uma vida funcional, e muitas vezes livre de dores.

Era bom que olhássemos uns pelos outros.... eu olho pelas "tuas" costas e tu pelas minhas!!! Pelas minhas costas já não há muito que possa fazer mas pelas daqueles que me são mais queridos talvez!

Já agora, para olhar atentamente basta que se olhe para a simetria das costas, dos ombros e cintura. Omoplatas assimétricas ou um lado das costas mais "saído" que o outro são característicos de uma deformação da coluna. Uma saia que fica torta ou uma alça que teima em cair são exemplos comuns entre quem tem escoliose.

Existe um teste visual bastante simples de efectuar para verificar se a pessoa em questão tem escoliose:

1- a pessoa em questão dobra a coluna para a frente, ficando com os braços soltos e caídos na vertical.

2- Agora o "observador" coloca-se a alguns passos de distância atrás da pessoa em questão. Olha-se para o contorno na zona onde as costas dobram.

3- É uma linha "recta" ou não? Caso um dos lados esteja mais alto que o outros pode-se tratar de escoliose. Neste caso recomendo que se visite um médico.

Expressar sentimentos

Ontem estive a almoçar com um amigo húngaro. Durante a conversa ele fez-me uma pergunta interessante e que nunca ninguém me tinha feito. Como expressas o que sentes? Como libertas a tensão que tens/sentes pelo facto de teres dores tão frequentemente?

A conversa continuou e até houve lugar para algumas sugestões engraçadas! Mas a verdade é que esta pergunta me deixou a pensar durante o resto do dia.

É verdade que tenho dores praticamente todos os dias. Não que sejam sempre insuportáveis mas, estão aqui a lembrar-me que tenho um problema. Há dias em que a dor ou por ser mais forte ou por durar à mais tempo me deixa irritada, outras vezes simplesmente sem energia e ainda há vezes em que me dá para chorar. Na maioria dos dias sinto-me como que anestesiada... não há muito que possa fazer, então deixo-a simplesmente existir.

A sensação de estar no corpo errado acompanha-me desde nova. É como se desejasse poder fazer um transplante de coluna... Mas para o resto do mundo não deixo transparecer estas sensações, medos e desejos.

Há só uma pessoa que consegue adivinhar como me sinto... e isso deve-se a muito amor e carinho. De resto mais ninguém sabe porque eu não deixo que se saiba. Serei uma boa actriz?

De facto, o que acontece é que deixo tudo cá dentro... como um vulcão prestes a explodir. E como posso explodir? Será a arte a solução? Muitas pessoas usam a arte como forma de expressão para aliviar os seus sentimentos e sensações.

Mas eu não sou artista... e nunca tentei sê-lo.... Mas talvez tenha chegado o momento de experimentar!

Cama nova, sonhos antigos

No fim do dia é quando sinto mais dores... e é nessas alturas que apetece ir para a cama descansar. O pior é quando acordo de manhã com dores. É uma sensação de frustração e cansaço. Afinal depois de dormir devia sentir-me melhor... mas nem sempre é assim. Para ser sincera mais são os dias em que acordo com dores do que sem. Isto fez-me sempre sonhar com a hipótese de encontrar a cama ideal... Até há pouco tempo vivi em quartos/casas alugad@s e mobilad@s não havendo por isso possibilidade de escolher a minha própria cama.

Finalmente mudei de casa e comprei a MINHA cama. Passei muito tempo na net a ler sobre isto, sobre pessoas que também sobrem de escoliose e que tipo de colchão seria melhor neste caso. A ideia da maior parte das pessoas é que um colchão visco-elástico ou de latex são as melhores soluções.

Escolher um colchão é muito complicado.... vamos a uma loja, experimentamos um colchão durante uns 15 minutos e temos de tomar uma decisão que nos acompanhará todos os dias durante 8h para os próximos anos da nossa vida. Aconselho-vos por isso a pensar muito antes de decidirem!

Por causa da escoliose tenho curvas e rotação da coluna. Se me deitar no chão sinto-me sempre de lado devido a estas assimetrias. E por isso procurei um colchão que se molda às minhas costas! Eu escolhi um colchão visco-elástico.

Resolvi gastar um pouco mais e investir em mim! Comprei um Tempur.

Durmo melhor, mais profundamente, mexo-me menos vezes durante a noite... mas de vez em quando ainda acordo com dores. O colchão não resolve tudo mas melhora bastante. Valeu a pena e recomendo!

Acidentes

Não sei exactamente quando, mas desde cedo comecei a ter medo da eventual possibilidade de me aleijar por causa da coluna. Uma das coisas que mais me assusta são quedas. E por isso nunca experimentei desportos como os patins no gelo ou mesmo o ski.

Poucas semanas antes do Natal, estava mesmo muito frio, nevou e havia gelo na rua. Depois de 6 anos a viver na Europa central achei que sabia lidar com isso sem problemas.... Desta vez infelizmente escorreguei e cai... a 3 passos da porta de casa!

Resultado... dores! Nem fiquei com negras... mas quando cai aterrei com o meu lado mais "frágil" e o nervo ficou inflamado. São dores que já conheço! Segundo o médico iria demorar entre 4 a 6 semanas a recuperar. Fiz o meu melhor, fiquei em casa, deitada durante a maior parte do dia. Depois de 2 semanas já me sentia melhor, quase a 100%.

A verdade é que uma pessoa aprende com a experiência. No meu caso o remédio é mesmo o descanso! As dores de nervos (neste caso o ciático) é mesmo chata.... e dá cabo dos nervos a qualquer um!

Claro que continuo com medo de quedas... mas desta já me safei!