31/03/2010

Como estás?


Esta é provavelmente uma das perguntas mais difíceis de responder. Nunca sei o que dizer. Fico sem saber se a pessoa que me fez a pergunta quer realmente saber como estou ou não. É uma pergunta de simpatia, ou é uma pergunta sincera? Não sei adivinhar o que vai na cabeça dos outros. Se respondo, "Tudo bem", a outra pessoa vai achar que está tudo bem, o que nem sempre é o caso. Se respondo, "Nem por isso", estou a por um peso enorme na outra pessoa, a conversa fica pesada, e ficamos sem saber o que dizer mais. Se respondo, "Tudo na mesma", a outra pessoa fica à espera de mais detalhes? ou será suficiente para manter uma conversa leve? Enfim...
Só não podemos assumir que quando alguém nos responde "Tudo bem", quer realmente dizer "Tudo bem". Eu respondo "Tudo bem", mas na maioria das vezes não me sinto assim. Só não quero ter de falar das minhas coisas, da minha escoliose, das minhas dores, dos meus medos.

A cicatriz


A minha cicatriz é enorme, tem quase 50 cm. Embora não a veja todos os dias sei que está ali... Quando chega o primavera/verão, chegam as roupas mais justas, com menos tecido e chegam os fatos de banho. Para mim sempre foi complicado vestir roupa que de alguma forma mostrassem as costas. Durante alguns anos ia para a praia em t-shirt. Até que me fartei e passei a usar biquini. Mas mostrar as costas em qualquer outra ocasião continua a ser difícil.
No próximo mês vou ao casamento de uma amiga, e foi de facto difícil encontrar a roupa certa. Quero sentir-me bonita e confiante. Podia levar um vestido lindo e ficava bonita mas, se as costas estivessem à vista ia-me sentir pouco confiante. Durante a minha vida nunca gostei muito de ir às compras, é muito confrontante, vestir, despir dentro daquelas cabines minúsculas com espelhos a toda a volta. É nessas situações que vejo as minhas costas de todos os ângulos. E custa-me.
É complicado, por um lado existe a moda, por outro o que eu gosto e por fim aquilo que permito vestir. E isto torna a escolha fica muito reduzida.
Não sei como é com as outras pessoas, mas eu prefiro evitar situações que me relembrem a escoliose. Não que esteja a fugir, ou fazer de conta que não está lá. Prefiro apenas viver a minha vida e não a vida da escoliose.